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terça-feira, 18 de março de 2014

A PANELA

A velha empregada de minha família era uma negra.

Chico, o neto dela – como é costume acontecer quando não temos irmãos, era o meu companheiro constante de brincadeiras e folguedos.

Em tudo quanto fazíamos, à parte de Chico era sempre a mais pesada, secundária e passiva.

Ele tinha sempre que dar e, nunca, que receber.

Um dia corri para casa, à saída da escola porque Chico e eu tínhamos projetado construir uma vala que fosse do poço à lavanderia.

Sem darmos por isso, cada um de nós assumiu logo o seu papel, como de costume.

Chico era o “condenado” a trabalhos forçados, suando e repetindo esforços. E eu o implacável guarda, com uma vara na mão!

A maneira como eu estava maltratando aquele menino negro, era quase digna de um adulto imbuído de preconceitos raciais.

Foi quando a nossa preta velha chamou-nos:

- Crianças, venham pôr a minha panela no fogão!

Corremos para a cozinha. A panela estava no chão e nós a agarramos com ambas as mãos. Mas com um grito a largamos, perplexos de que ela nos tivesse mandado pegar uma coisa que, era evidente que sabia, estava extremamente quente.

Em seguida, em graves brandas palavras, tão nítidas e simples que até hoje as posso escutar, partindo do fundo do tempo, disse-nos assim:

- Ora! Vocês dois se queimaram. Que coisa mais engraçada! A cor da pele de vocês é tão diferente, mas a dor que estão sentindo é igual para ambos, não é verdade?

Concordamos que sim.

E nunca mais pude me esquecer desse episódio que sem dúvida alguma, fez de mim uma pessoa diferente.

Da Obra: Para o resto da Vida de Wallace Leal V. Rodrigues.

Fonte do texto e imagem: Internet Google.

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